Sobre o Museu Marítimo de Esposende

O Museu Marítimo nasceu do projeto de recuperação do edifício Estação de Socorros a Náufragos (ESN) impulsionado pela Associação Forum Esposendense. O Ministério da Marinha cedeu o edifício da ESN ao Forum Esposendense, através de um protocolo, no qual o Forum Esposendense se comprometeu a angariar fundos para executar as obras de recuperação do edifício e aí instalar o Museu Marítimo de Esposende (MME), permitindo também o regresso do serviço de Socorros a Náufragos no  r/chão do edifício, que ali deixara de funcionar  devido à falta de condições físicas e de equipamentos.

No 1º andar do edifício encontra-se a sala de exposição do Museu onde são realizadas exposições temporário relacionadas com a temática marítima, que se prolonga até ao torreão onde se pode visitar a Torre da Memória, esta trata-se de uma recolha fotográfica dos inscritos marítimos, na delegação Marítima de Esposende, entre os anos de 1893 e 1962. Cerca de mil fotografias de homens e mulheres que estiveram de algum modo relacionado com a atividade marítima. Esta torre pretende preservar e homenagear a memória local daquelas que trabalharam e continuam hoje a trabalhar nas atividades marítimas.

No 2º andar, além da sede associativa do Forum Esposendense, associação que tutela o museu e sede do Jornal Farol de Esposende, existe também um auditório e, desde 2020, é possível visitar algumas peças do espólio museológico expostas, como é o caso da Coleção de Conchas do Coronel Adolfo Monteiro da Cruz.

​O Museu só abriu ao público a 20 de julho 2012, mas desde 2008 havia sidoiniciado um trabalho de recolha de objetos. O espólio que hoje constitui a coleção do MME é proveniente, na sua grande maioria, de particulares. São objetos queridos que foram passando de geração em geração e que cada um dos proprietários foi cuidando da melhor forma, hoje constituem a valiosa coleção deste Museu, assim perdurarão por mais tempo na memória de quem as puder contemplar em exposição pública.  

O Museu Marítimo de Esposende é, deste modo, um espaço cultural destinado à divulgação e preservação da história e cultura marítima do Concelho de Esposende e também do país através do seu riquíssimo espólio museológico e documental.


História da Estação de Socorros a Náufragos

O Museu Marítimo de Esposende localiza-se num edifício histórico da Cidade, a Estação de Socorros a Náufragos também conhecido como Estação Salva-Vidas, estrategicamente colocado no enfiamento da foz do Cávado, guardada pelo Farol no Forte S. João Batista na barra.

Este edifício é um ex-libris da cidade de Esposende que completou 100 anos a 30 de Dezembro de 2006. Uma construção que marcou uma época de grandes sacrifícios e trabalhos para a classe piscatória desta terra, mandado edificar sob o alto patrocínio da Rainha D. Amélia e inaugurado em 30 de Dezembro de 1906 com a função de socorrer e auxiliar os pescadores que se viam em apuros na costa e no mar de Esposende. Uma construção controversa na época devido á sua localização distanciada da barra o que nem sempre facilitava os salvamentos.

Uma vez que Esposende deve a sua existência ao Rio Cávado e ao Mar, pretende-se preservar uma memória que recorda Esposende como Vila do Rei D. Sebastião, protetor dos Mestres Construtores de Ribeira e Calafates, que lhe outorga Carta de Privilégio em 19 de Agosto de 1572, por ser um lugar de construção e reparação naval notável, aqui se fizerem a maior quantidade de caravelas até 40 toneladas do país. Memória de uma terra ligada ao Atlântico e às viagens marítimas, testemunhada pela sua Confraria dos Mareantes, com Capela posta na própria Igreja da Santa Casa da Misericórdia, símbolos de urbanidade, ambas datadas de finais do séc.XVI, tem sido preocupação do Forum Esposendense e agora do Museu Marítimo de Esposende manter viva a sua história e tradições marinheiras.

Neste sentido, o Forum Esposendense (Associação Cívica Para o Desenvolvimento e Progresso do Concelho de Esposende, fundada em 19 de Agosto de 1989 e declarada de Utilidade Pública em 08 de Novembro de 1999) sempre manteve uma ligação estreita com o Ministério da Defesa Nacional, através do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), tendo recuperado 2 barcos salva-vidas que desempenharamatividades turísticas e cientificas quer no Rio Cávado, quer na Costa Atlântica e ainda Limpezas Ambientais no Rio Cávado e Rio Neiva.

No prosseguimento desta cooperação e atendendo que a Estação Salva-Vidas estava descativada e não havia perspetiva de ser recuperada a curto prazo, o Forum Esposendense, em Setembro de 2005, apresentou uma proposta em que se comprometia a recuperar o edifício para instalar um Centro Marítimo de Esposende que mais tarde havia sido transformado no atual Museu Marítimo de Esposende, ficando a Associação com o 1º andar e com o sótão e no rés-do-chão, a Marinha, instalava o Instituto de Socorros a Náufragos como já acontecia anteriormente. A proposta foi aceite e o protocolo foi assinado em 20 de Junho de 2006, entre o Ministério da Defesa Nacional e o Forum Esposendense. 

A recuperação da Estação Salva-Vidas e transformação em Centro Marítimo de Esposende foi um imperativo cultural de grande importância para a população do concelho de Esposende, de modo a preservar os testemunhos e o património marítimo que se encontrava disperso e que inevitavelmente se perderia caso não houvesse um local onde pudesse ser estudado, exibido e divulgado. É, portanto, esta a função atual do Museu Marítimo de Esposende, não só preservar um edifício que marca a história do conselho, mas também, albergar neste um espólio riquíssimo que documenta essa mesma história.